Estudo Projeto Pedagógico - por Maurício Duarte

Estudo Projeto Pedagógico - por Maurício Duarte

Curso de Pós-Graduação em: Docência do Ensino Superior

Nome da disciplina: Teorias de Aprendizagem

Nome do Aluno: Mauricio Antonio Veloso Duarte

Data: 26/04/2016

 

ENUNCIADO

Pesquise o Projeto Pedagógico de um curso de uma Instituição Superior com o objetivo de:

·                    Identifique se no projeto pedagógico do curso, estão implícitos ou explícitos, os referenciais teóricos estudados na disciplina;

·                    Verifique a presença da(s) abordagem (ns) teórica(s) na Filosofia do curso, na grade curricular, nos serviços existentes em decorrência do curso, na organização dos estágios, no método de ensino, ou em outros elementos presente no documento considerado o norteador de qualquer curso superior escolhido para a realização do estudo proposto;

·                    Não se esqueça de inserir o link ou copiar o Projeto Pedagógico ao inicio da atividade.

 

 

https://comunicacaovisualdesign.wordpress.com/projeto-pedagogico/

 

Projeto Pedagógico

 

Projeto pedagógico do curso de Comunicação Visual Design da Escola de Belas Artes/UFRJ – Bacharelado tem por normatização a Resolução CEG n°02/2003, e está fundamentado em cuidadosa análise das estruturas curriculares vigentes na Escola de Belas Artes. Com os resultados deste trabalho, o Departamento de Comunicação Visual – BAV, organizador do novo Curso teve como balizamento as normas e legislação da UFRJ e do CNE-MEC, especialmente as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Design (resolução n° 5, de 08/03/2004 e resolução n° 2 do CNE-MEC de 18 de junho de 2007).

 Devido às alterações conjunturais e conceituais, principalmente, na base tecno-científica do universo disciplinar do Design e no contexto socioeconômico, importantes mudanças estruturais ocorreram nas dimensões da projetualização-produção-mercado na área do Design.

 Assim, para confrontar estas questões e preservar os fatores e experiências positivas da atual habilitação Programação Visual, urge enfrentarmos a mudança da sua lógica funcionalista e fabril – pensamento moderno –  pela implantação de uma lógica curricular plural e aberta – pensamento contemporâneo. Nos últimos anos, o perfil acadêmico do corpo docente alterou-se, fundamentalmente, em virtude da massiva capacitação em nível de doutorado. O que vem contribuir para esta mudança de rumo alicerçada em novos paradigmas. Vencer a inércia onde as alterações formais foram postergadas devido ao envolvimento secundário de parte do corpo docente e ao predomínio da aplicação asistêmica da empiria profissional. Assim, pretendemos que as atualizações futuras possam ocorrer pari passu com as experiências de investigação e ensino na pós-graduação do corpo docente. O que implica no exercício criativo e contínuo de procedimentos pedagógicos e práticas experimentais oriundos das rotinas de investigação.



Finalidade, Justificativa e Identidade do Curso Comunicação Visual Design

A idéia central desta proposta curricular é a introdução de uma nova concepção acadêmico-profissional na UFRJ para a formação no campo disciplinar da Imagem, na interface Design-Arte, através da implantação do curso de Comunicação Visual Design. A intenção é operar a mudança conceitual do vigente pensamento, moldado na imutabilidade fabril dos suportes e na dominância gráfico–bidimensional, para um pensamento plural e permeável as diferentes rupturas e metodologias imagéticas em um campo, não apenas expandido, mas principalmente rizomático.

A imaterialidade do espaço e as permeabilidades temporais típicas das plataformas digitais e das tecnologias da informação alteraram a apreensão dos valores vinculados ao suporte, presença e produção / difusão, do objeto. A nossa proposta visa reunir o corpo docente e discente na experimentação curricular dos sentidos de abertura, mutabilidade e descontinuidade, presentes no diálogo dos campos disciplinares do Design e da Arte. O campo de atuação do novo curso, considerando a massa crítica do departamento, situa-se num espectro multiradial de atuações profissionais no universo da Comunicação Visual e da criação imagética, participe da cultura contemporânea.

Diferentemente do sistema ora em curso, o nosso estudante será induzido a participar da permeabilidade com os diferentes saberes da Universidade e a usufruir das tecnologias da informação e comunicação digitais. Pretendemos a introdução de um conjunto nuclear de disciplinas, calcadas na maleabilidade e densidade dos cursos de pós-graduação. Neste sentido, esta proposta curricular contempla um incremento das disciplinas teóricas, das disciplinas teórico-práticas, dos laboratórios experimentais de mídias e projetos, do exercício sistêmico de metodologias de pesquisa da Arte, Ciência e Cultura. Não pretendemos apenas que nossos alunos tenham um forte treinamento manual e tecnológico, mas principalmente que desenvolvam um senso crítico aliado a uma base conceitual que os tornem criadores de soluções. 

O eixo central desta renovação curricular localiza-se na alteração do atual fluxo restritivo de formação para um fluxo dinâmico, permeável aos valores e potenciais oriundos da trajetória de investigação e atuação na pós-graduação dos seus docentes. Considerando os projetos de pesquisa, o perfil atual do corpo docente do Depto. BAV e a implantação deste currículo em 2009 irão propiciar o incremento e diversificação da base conceitual típica dos campos disciplinares da Comunicação Visual  Design e a ampliação da experimentação teórico-pratica nos laboratórios de ensino e pesquisa.

 Considerando-se, também, o estabelecimento da nova carga horária mínima (resolução n° 2 do MEC de 18 de junho de 2007) para cursos de Graduação em Design, será possível concentrarmos nossos alunos em turnos específicos – manhã ou tarde – o que dará uma previsibilidade temporal na formação do profissional desejado.

Estes fatores contribuirão para o aumento do número de vagas no novo Curso e também reduzir os níveis de evasão gerada seja pela dispersão da grade horária ou por práticas curriculares em desacordo com as novas realidades culturais.

Nesse sentido, uma dinâmica renovadora é assegurada na estrutura curricular tanto pela mutabilidade e flexibilidade dos conteúdos programáticos quanto pela atualização contínua aportada pelo dinamismo das atividades de investigação desenvolvida nos grupos de pesquisa.

Esta concepção implica numa atualização contínua da infra-estrutura material do curso. Neste sentido, nas salas do Departamento foram feitas obras civis e remanejamento dos espaços para acolher esta modificação curricular e os equipamentos de atualização tecnológica, capacitando assim, as atividades extra-disciplinares e projetos experimentais.

 

Resposta:

 

A linha norteadora do Projeto Pedagógico do Curso de Comunicação Visual – Design (Bacharelado) apresenta muitos conceitos implícitos do pensamento de Vigotski e de Jean Piaget, explicitamente, a nosso ver, por vários motivos, dentre eles, a deliberada intenção de contextualizar ao máximo o curso à contemporaneidade. Enfocando as “importantes mudanças estruturais nas dimensões da projetualização-produção-mercado na área do Design”, apresenta novos horizontes para um curso no qual somos formados e que chamava-se Desenho Industrial – Programação Visual na década de 1990 e anteriormente, na década de 1970, era conhecido como Comunicação Visual, portanto, a alcunha é um retorno, sendo dado o adendo de Design – palavra que nunca fora admitida na área de estudo no Brasil.  Havendo até alguns teóricos tentado a substituição da palavra Design por projética, nos primórdios do campo de atuação brasileiro, mudança que não foi aceita de forma nenhuma.

Essa contextualização do curso, como verificamos, é bem ampla e abrange os aspectos da sua própria lógica – que passa de uma lógica funcionalista e fabril (pensamento moderno) para a implantação de uma lógica curricular plural e aberta (pensamento contemporâneo).  Tal abordagem indica um aporte científico de filosofia próximo da teoria sócio-histórica de Lev Vigotski, como disse, porque atribui à cultura e à história um papel preponderante senão de grande relevo no processo de aprendizagem, inclusive considerando mudanças de paradigma atuais.  Como por exemplo, a passagem de um pensamento moldado na  imutabilidade fabril dos suportes e na dominância gráfico-bidimensional, para um pensamento plural e permeável num campo, não só expandido, mas rizomático.  Já a chamada “permeabilidade com os diferentes saberes da Universidade” revela uma preocupação epistemológica de cunho fundamental que sinaliza um desejo de produzir pensamento crítico aliado a uma base conceitual; criando profissionais que sejam “criadores de soluções”. O que transpassa claramente uma influência significativa da teoria da Epistemologia Genética do pensador suíço Jean Piaget, explicitamente.

Essa perspectiva do designer que soluciona problemas já existia anteriormente, porém com um enfoque na profundidade do projetual (pensamento moderno) o que hoje se faz com a expansão e a maleabilidade do conteúdo e de práticas tanto de Arte, quanto de Ciência e Cultura (pensamento atual).

Com relação a presença da abordagem teórica na grade curricular e no método de ensino, verificamos que há um “incremento nas disciplinas teóricas, das disciplinas teórico-práticas, dos laboratórios experimentais de mídia e projetos” além da introdução de “um conjunto nuclear de disciplinas” tendo como referência os cursos de pós-graduação.  Dessa forma, pode-se afirmar que é utilizada uma abordagem que considera grandemente a natureza social das pessoas como sua natureza psicológica, advinda de Vigotski; tendo como base de toda criação do homem, a cultura.

Também ocorre uma preocupação com a previsibilidade temporal na formação do profissional, com o estabelecimento de uma nova carga horária mínima, concentrando os alunos em turnos de manhã ou tarde.  O que evidencia o pensamento de que a evasão gerada pela  dispersão da grade horária deve ser combatida, bem como a  possibilidade do aumento do número de vagas no curso.  Daí vemos a abordagem teórica de que o desenvolvimento humano decorre do plano das interações sociais, conforme o mesmo pensador bielo-russo afirmara.

Por fim, há o desejo de uma contínua atualização da infra-estrutura material do curso, capacitando as “atividades extra-disciplinares e projetos experimentais”.  Onde podemos perceber o pensamento de que no campo da aprendizagem acadêmica, o ensino só é efetivo quando permite o desenvolvimento, sendo o professor atuante na Zona de Desenvolvimento Proximal, fazendo a mediação entre o conhecimento e o aluno.

Em suma, é possível ainda afirmar que os processos psicanalíticos segundo Freud estão na base da atividade profissional da maioria dos designers gráficos hoje em dia.  Em aspectos como pregnância e boa forma numa identidade visual ou até numa ilustração, por exemplo, vemos, é lógico, aspectos de percepção visual. Pulsões sexuais, frustrações de infância e mecanismos de defesa envolvem a percepção visual e a leitura visual do cidadão comum e, logicamente, perpassam a formação do aluno em design.  Nesse sentido, podemos vislumbrar tais teorias no enfoque à “investigação desenvolvida nos grupos de pesquisa” neste projeto pedagógico.

A massiva capacitação em nível de doutorado do corpo docente da Comunicação Visual nos últimos anos, podem também mostrar uma afetividade e uma cognição imbricados no fazer acadêmicos próprios das teorias de desenvolvimento do ser humano segundo Henri Wallon, da psicologia humanista de Carl Rogers e da teoria da Aprendizagem de David Paul Ausubel.  Porém, a nossa opinião, é que preponderam as influências da teoria sócio-histórica de Vigotsk, implicitamente e da teoria cognitivista de Jean Piaget, explicitamente.

 

Referências bibliográficas:

Arnheim, Rudolf Arte e Percepção Visual Uma psicologia da Visão Criadora. 8ª. Edição. Livraria Pioneira Editora São Paulo 1994.

Bigge, Morris L. Teorias da Aprendizagem para Professores . E.P.U. EDUSP . São Paulo 1977.

Oliveira, Rui de Pelos Jardins Boboli Reflexões sobre a arte de ilustrar livros para crianças e jovens. Editora Nova Fronteira Rio de Janeiro 2008.

Ostrower, Fayga Universos da Arte. 8ª. Edição. Editora Campus Rio de Janeiro 1991.

Strunck, Gilberto Como Criar Identidades Visuais para Marcas de Sucesso. 3ª. Edição Rio Books Rio de Janeiro 2007.