Leitura e Escrita como prática prazerora - por Edlany Helena do Amaral Maciel Lisboa

Leitura e Escrita como prática prazerora - por Edlany Helena do Amaral Maciel Lisboa

 LEITURA E ESCRITA COMO PRÁTICA PRAZEROSA

                                                                                                          Edlany  Helena do Amaral Maciel Lisboa

 

A prática de leitura e escrita hoje deve ser vista com um novo significado, indo mais além, deve ser trabalhada pela equipe escolar através de novas perspectivas. Ao fazer esta afirmação para nossa reflexão atual, passamos a interligá-la com o que vem sendo exposto por professores de escolas públicas das séries iniciais do ensino fundamental. Os professores expõem constantemente o fato de que vem sendo observado um grande fracasso dos alunos, diante da leitura e escrita, ao chegar ao 5˚ ano do ensino fundamental, fracasso esse que engloba todo um contexto de situações e de envolvidos (escola, pais, sociedade, aluno e professor), e com isto a aprendizagem de outros objetos de estudo vem sendo prejudicada, tornando-se mais um reflexo desse contexto e todo este fracasso que tem gerado desinteresse dos alunos, que passam a achar que não conseguem superar a dificuldade com a qual se deparam, sentindo-se desestimulados. 

Ao fazermos uma reflexão sobre a inquietação constante da aprendizagem básica e essencial de nossos alunos, iniciamos a nossa conversa sobre as novas idéias e caminhos sobre o ato de ensinar a ler e escrever de forma prazerosa. Atribuir sentido ao que ler, reler, comentar, comparar com outras leituras, ouvir e viajar na leitura, constitui a essência do momento prazeroso para o aluno, momento este que é preciso buscar ao ser trabalhado a leitura e escrita. A leitura tem que ser conquistada no dia a dia, tornando-se um hábito e conquistando habilidades e esses não dependem somente da vontade do aluno, mas dependem principalmente dos momentos vividos na escola que o levarão a ter atitudes e convicções durante todo o processo escolar. A equipe escolar(supervisor,orientador e gestor), diante de tamanha problemática que vem sendo a dificuldade de ler dos alunos, deve apresentar aos professores metodologias e novas teorias que estão circulando na sociedade, construindo junto com eles um processo de aprender cheio de entusiasmo para o discente, mostrando principalmente que o conceito de leitura e escrita como codificação e decodificação deve ser superado, indo mais além, como bem nos dizia Freire (1986) em seus vários discursos que apresentava o ensino como sendo um ato de liberdade que ocorre pelo momento prazeroso que aquele indivíduo vivencia.  

O ato de ler e escrever a qual tanto nos referimos no inicio do texto deverá ser visto como uma ação de transformação que ocorre em várias etapas e também de construção de uma nova realidade do aprender, superando dificuldades sucessivamente, desencadeando numa ação que busca enfrentar a realidade do seu mundo, tentando explicá-lo. Desta forma, os conhecimentos que os leitores já trazem consigo quando leem e os diferentes objetivos que os levam a ler tem grande importância a partir do momento que se busca uma aprendizagem significativa para o aluno, aprendizagem esta que jamais é mecânica, tendo em vista que a leitura e escrita tem características próprias. 

No processo de ensino, tem-se dado excessiva importância ao livro didático e o ensino muitas vezes fica restrito às paredes da sala de aula. É importante ultrapassar esse cenário e trazer para a sala de aula momentos que possam gerar ligação entre os conteúdos do livro didático, os paradidáticos e as experiências dos alunos, mas sempre voltando os olhos para as condições de aprendizagem que os alunos já trazem para a escola, fazendo com que ocorra uma assimilação ativa do que se aprende (LIBÂNEO, 1990). A leitura e a escrita como elemento de reativação do conhecimento podem ser vistas como condições essenciais no processo que perpassa o aluno por toda a sua trajetória escolar. Por isso, é visível que uma boa leitura e uma boa escrita é primordial na vida de um indivíduo, a partir do momento que  ele se envolve no ato de ler e escrever diariamente, voltando-se para as práticas e experiências vivenciadas no ambiente escolar e fora dele. 

 A importância da conquista, no ato de ler e escrever, se dá nas aulas com um clima interativo que deve ser bem planejado, mas também sujeito a modificações durante o decorrer do processo, por isso, sendo um espaço criativo que promove inúmeras aprendizagens para o aluno. Este clima interativo deve ser bastante analisado e preparado em parceria, supervisor e professor com o intuito de motivar o aluno, em que o supervisor oferece todo o seu conhecimento e ideias para produzir uma ponte de ligação com as ideias do professor, trabalhando com o objeto comum que é a aprendizagem do aluno por meio do trabalho que é feito com o professor, fazendo acontecer uma aprendizagem motivadora. Além de destacar esta parceria entre o professor e o supervisor, também é preciso indagar o que queremos dizer quando falamos em uma aprendizagem motivadora. Uma aprendizagem motivadora é aquela aprendizagem que o aluno leva ao longo da vida em sua trajetória, essa aprendizagem traz benefícios variados, pois o aluno precisa estar motivado para aprender e essa motivação não depende só dele, mas também de todos os envolvidos e compromissados com o desempenho satisfatório do aluno.  

Segundo o PCN (1997, p. 38), “O conceito de aprendizagem significativa, central na perspectiva construtivista, implica, necessariamente, o trabalho simbólico de “significar” a parcela da realidade que se conhece.” Ou seja, as aulas são mais motivadoras quando partem do que o aluno traz em sua caminhada (as curiosidades do aprender, o desejo de aprender e a realidade do conhecimento que já se possui), e a partir disso, vão surgindo questionamentos, ideias e novos métodos que leva os alunos a aprender de maneira significativa, desenvolvendo novas maneiras de pensar e de compreender esse processo imenso que envolve o ato de ler e escrever com entusiasmo e significância. 

Entendemos através de estudos de bases teóricas como (FREIRE, 1986 e FERREIRO, 2002) que leitura e escrita são “atividades de aprendizagem de diferentes saberes e modelos”, “percepção da relação constante entre textos e contextos gerais e específicos”, “ato de interpretar a realidade”, “atribuição de sentido ao que lê e escreve”, “instrumento de aprendizagem que permeia todo o ensino”, “ação intelectiva e cultural”, “posicionamento diante das problemáticas e críticas ao mundo”. São muitas as ideias e conceitos de leitura e variam conforme as perspectivas teóricas e o contexto do indivíduo. Acima de tudo, visamos que o ato de ler e escrever significa refletir, pensar, posicionar-se e, sobretudo, estar em contato diário com a sociedade e encontrar nas letras significados para uma aprendizagem dinâmica e constante de significados. 

 

REFERÊNCIAS

 

ALMEIDA, Fernando José de. Folha Explica Paulo Freire. São Paulo: Publifolha, 2009. 

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 

COLOMER, Teresa. Andar entre livros. A leitura literária na escola. Tradução: Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2007. 

FERREIRO, Emília. Passado e presente dos verbos ler e escrever. São Paulo: Cortez, 2002. 

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Ática, 1986. 

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2006. 

MEDINA, Antônia da Silva. Supervisão Escolar: da ação exercida à ação repensada. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995. 

 

 

Edlany Helena do Amaral Maciel Lisboa. Especialista em Supervisão e Orientação Educacional. Licenciada em Pedagogia com habilitação em Educação infantil, Anos Inicias do Ensino Fundamental e na Gestão Educacional. Conquistou dois prêmios de Mestre da Educação com projetos de Leitura e Escrita nas Séries Iniciais .